Atualmente existe muita especulação sobre quem são os Millennials e sua relação com o trabalho. As gerações anteriores associavam a realização profissional ao sucesso corporativo.

Seu maior objetivo era, portanto, conquistar reconhecimento de forma gradativa, ao crescer dentro de uma empresa já estabelecida. Daí a origem da grande admiração que sempre nutriram por CEOs de grandes multinacionais, considerados seus maiores ídolos.

Já os Millennials, a primeira geração de nativos digitais (Geração Y), cresceram vendo pessoas como Steve Jobs e Mark Zuckerberg quebrando esse paradigma e obtendo sucesso profissional ainda jovens. E, mais ainda, com negócios altamente inovadores e disruptivos, que em nada lembram as grandes empresas que os nossos pais e avós trabalhavam.

O sucesso desses jovens empreendedores ajudou também a disseminar a ideia de que a cultura corporativa tradicional está ultrapassada, estimulando a geração Millennial a almejar uma vida profissional mais próxima da sua vida pessoal.

Quem são os Millennials no mercado de trabalho, afinal?

Insatisfação com o modelo tradicional

Um dos motivos por trás dessa mudança de pensamento em relação à dinâmica de trabalho é a rejeição ao modus operandi das grandes empresas. De acordo com um estudo exclusivo realizado pela MindMiners em parceria com o Grupo Padrão sobre quem são os Millennials, boa parte deles está insatisfeito com o ambiente e com a rotina proposta pelo modelo tradicional.

Há uma tendência, liderada por essa geração, de condenar a busca por lucro a qualquer custo. Além disso, a geração Millennial também condena a forte hierarquia e os horários rígidos que regem as grandes corporações, além de apontar o pouco tempo de aprendizado como aspecto negativo.

Qual a situação atual?

Essa geração, que logo vai compor a maioria no mercado de trabalho, é compreendida pelo senso comum como a geração que acredita que sucesso profissional é trabalhar com algo que esteja associado à um propósito maior, que gere impacto e que contribua para fazer alguma diferença no mundo a longo prazo.

Sob esse prisma, entender quem são os Millennials, em teoria, significa acreditar que eles almejam trabalhar em empresas que tem um objetivo social maior, mesmo que isso signifique ganhar menos no final do mês.

Mas e na prática, isso é verdade?

De acordo com o mesmo estudo realizado pela MindMiners, entre os Millennials que trabalham, 30% tem carteira assinada, 9% são autônomos, 4% são empregados pessoa jurídica e apenas 3% são empreendedores. Entre os que não trabalham, 29% são estudantes, 20% estão desempregados e 5% são bolsistas.

Por outro lado, quando perguntamos em que tipo de empresa gostariam de trabalhar caso saíssem do emprego atual, é possível perceber que a maioria dos Millennials sonha com o empreendedorismo.

Expectativa x Realidade

A geração Millennial tem mentalidade do empreendedorismo, e é motivada pela inovação. Confiantes e otimistas, olham para os empreendedores de sucesso como exemplos profissionais a seguir. No entanto, na prática, sua realidade ainda apresenta aspectos que impedem que eles sigam nessa direção.

Quando questionados sobre as principais razões para escolher uma empresa para trabalhar, o quesito “bom salário” foi apontado como razão principal, seguido de “oportunidade de carreira”. Comparativamente, poucos Millennials apontaram o impacto do trabalho na sociedade ou o ter um propósito maior como motivos, contrariando a percepção comum à respeito de quem são os Millennials.

E quais os motivos por trás disso?

Um dos principais motivos é que a geração Millennial está entrando no mercado de trabalho em um momento de crise econômica, o que faz com que os jovens dessa geração tenham mais medo de assumir o risco de empreender. Outra análise possível é o fato de estarem no início de suas carreiras e, por isso, podem não se sentir seguros para abrir um negócio próprio, ou ainda não ter oportunidade para isso.

Outro fator é o crescimento acelerado de algumas empresas relativamente novas, principalmente no setor de tecnologia, que está diminuindo o espaço no mercado para competidores menores. O segmento, que é sinônimo de inovação, é o mais atraente para essa geração, mas está sendo dominado por empresas gigantes como o Facebook, por exemplo, que é dono de quatro dos cinco aplicativos mais baixados: Whatsapp, Messenger, Facebook, e Instagram.

Quais as consequências desse comportamento?

A tendência de opção por carreiras mais estáveis pode, no futuro, trazer problemas. Afinal, uma economia dominada por empresas mais antigas pode significar uma economia menos eficiente.

Por outro lado, muitas startups surgem dentro do ambiente empresarial com o objetivo de otimizar ou solucionar alguma dor do mercado, observada pelo profissional que está inserido neste meio.

E como vai ser daqui pra frente?

Diferentemente do que a mentalidade e o comportamento sugerem, os Millennials não são tão empreendedores quanto aparentam, mas a próxima geração que os sucederá pode vir a ser. Com o grande sucesso de algumas startups, especialmente no setor da tecnologia, a aspiração pelo empreendimento tem crescido, e, com uma melhora no cenário econômico, empreender se tornará cada vez mais viável e menos arriscado.

Além disso, a geração Z vai estar também mais preparada e confiante para apostar em suas ideias de negócio. O sucesso de startups hoje já reconhecidas como grandes empresas, como é o caso do Spotify e do Airbnb, por exemplo, e a especulação sobre as muitas que alcançarão tal patamar ao longos dos próximos anos, tem trazido o tema do empreendedorismo para a mídia, para o ambiente acadêmico e para a vida de toda essa nova geração.

Caminhamos para um futuro no qual ser empreendedor aparecerá como uma opção tão natural de profissão quanto seguir carreiras nas áreas da Saúde, Engenharia ou Direito. Mas, até lá, temos um longo caminho a ser percorrido. Nesse percurso, trazer a educação do empreendedorismo para dentro de todos os níveis educacionais é o ponto de partida.