Open Banking, fintechs e a importância da diversidade

O Open Banking não apenas irá mudar a dinâmica do mercado financeiro, mas, também, irá aumentar a concorrência entre bancos e fintechs. O que isso significa para sua marca?


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Open Banking, fintechs e a importância da diversidade

2021 começou em meio a muitas mudanças. Tem sido palco não apenas dos inúmeros câmbios sociais, econômicos e políticos, mas, também, das reorganizações institucionais que se originaram a partir de um cenário completamente novo para os brasileiros. Um excelente retrato dessa nossa nova realidade é o Open Banking, fruto do forte impacto que as fintechs trouxeram para o nosso país.

Essa abertura do mercado não somente impacta as pessoas, mas abre um novo campo de possibilidades quando o assunto é segmentação de soluções. A fim de evitar que elas caiam na categoria de simples commodities, empresas vêm buscando direcionar suas ofertas para um propósito maior, que se conecte com os valores dos diferentes grupos de consumidores.

Levando esses pontos em consideração, de que ângulo podemos observar o mercado que absorve a novidade do Open Banking com tantos propósitos diversos e ainda sofre com a desigualdade de perfis no acesso à produtos e serviços?

O que é o Open Banking?

Em uma tradução livre, Open Banking significa ‘sistema bancário aberto’. De acordo com o próprio Banco Central, “O Open Banking, ou sistema financeiro aberto, é a possibilidade de clientes de produtos e serviços financeiros permitirem o compartilhamento de suas informações entre diferentes instituições autorizadas pelo Banco Central e a movimentação de suas contas bancárias a partir de diferentes plataformas e não apenas pelo aplicativo ou site do banco, de forma segura, ágil e conveniente.” Esse sistema entrou em vigor em fevereiro de 2021, mas o compartilhamento de dados só passa a valer em julho.

Para simplificar, vamos dar um exemplo: imagine que você sempre compra seu café na mesma cafeteria, porque o preço é bom. Você vai lá todo dia e, por isso, já cadastrou seus dados para se tornar um ‘cliente fidelidade’ na loja. Agora, suponha que você queira compartilhar os seus dados de compra de café com outras cafeterias, para que elas vejam como você é fiel na compra do seu cafezinho e possam te oferecer cafés com preços ainda melhores e, quem sabe, até mais gostosos.

Open Banking é isso, só que com seus dados bancários.

A ideia é que você, sendo correntista de um banco, possa compartilhar seus dados com outros bancos e fintechs para conseguir ofertas de produtos como empréstimos, por exemplo, com taxas de juros melhores, sem precisar abrir contas a torto e a direito. É como ter seu banco particular.  

Porcentagem de brasileiros que não conhece Open Banking
De acordo com nossa pesquisa, a maioria dos brasileiros conectados (79%) nunca ouviu falar em Open Banking, mas, dos que ouviram, 40% o julgam inovador e facilitador.

O cenário das fintechs

Essa abertura proposta pelo Banco Central vai ao encontro do objetivo da maior parte das fintechs que estão presentes no mercado hoje: facilitar a vida financeira das pessoas.

Segundo dados do Distrito, o Brasil possui, atualmente, 988 empresas de soluções financeiras digitais, sendo 142 delas de crédito. Todas elas se beneficiam desse novo formato, já que as pessoas deixam de ficar presas aos serviços dos bancos nos quais elas possuem suas contas. O cenário é, inclusive, muito positivo, visto que o awareness das pessoas em relação às fintechs vêm aumentando consideravelmente como mostramos em um outro post aqui no blog. Isso fomenta a competitividade do mercado, acarretando em benefícios para os clientes e na aceleração da inovação no setor.

Aqui, vale ressaltar que a oportunidade de desenvolvimento vai para os dois lados - tanto da abertura de fintechs, que possuem uma capacidade de se adaptar e responder às necessidades do mercado de forma muito rápida, quanto dos bancos. Esses últimos ainda têm benefícios e espaços no mercado que são ocupados exclusivamente por eles, o que permite que eles tenham um respiro para alocar seus esforços onde faz mais sentido de acordo com as demandas do momento.

De uma forma ou de outra, as pessoas ganham autonomia e o poder de selecionar as ofertas que fazem mais sentido para suas necessidades. A possibilidade de escolher dentre tantas opções eventualmente levará o consumidor às plataformas que tiverem, para cada perfil, a melhor proposta de valor.

Diferentes perfis, diversas opções

Não é novidade que as pessoas, com tantas opções dentro de cada categoria, têm escolhido cada vez mais os produtos e serviços que traduzem seus valores, estilos e formas de ver o mundo. Isso é essencial para entendermos o porquê e como funcionam as diferentes segmentações que existem no mercado hoje. No universo financeiro, as coisas não poderiam ser diferentes.

As várias opções de empresas que estão atuando em distintas frentes desse setor mostram como é imperativo que os negócios tenham, também, sua própria personalidade. Não somente porque elas são uma ponte que conecta seus produtos e os clientes além dos fatores de lugar-comum, como preço ou funcionalidades, mas também porque, dependendo do nicho de mercado em que se propõem a atuar, trazem alternativas imprescindíveis para seus consumidores.

Dica: Conheça 9 fatores que influenciam no comportamento do consumidor.

Um banco do seu jeito

Um exemplo disso no setor financeiro é o G10 Bank. Uma iniciativa entre as maiores favelas do Brasil gerou o primeiro banco digital voltado para os moradores de comunidades, criado por eles mesmos. Autorizados pelo Banco Central a funcionar como uma Empresa Simples de Crédito, o foco é nos empreendedores. A ideia é fornecer, a princípio, empréstimos de R$1 mil a R$15 mil para fomentar os negócios próprios em regiões que, tradicionalmente, abrigam um público negligenciado pelo mercado tradicional.

Cartões G10 Bank
O G10 Bank possibilita o acesso a crédito, maquininhas e até seguro para os residentes de comunidades do Brasil | Fonte: Google

Essa iniciativa do G10 Bank é, também, uma reação à exclusão que essa parcela da população sofre no meio empreendedor. De acordo com um estudo realizado pela PretaHub, 32% dos empreendedores negros já tiveram crédito negado sem explicação em algum momento.

Outro exemplo de uma fintech que tem um propósito muito claro é o Pride Bank, que se define como um ‘banco digital com propósito social’. Além de apoiar causas LGBTI+ com parte dos lucros, o banco possibilita que os clientes escolham o nome que aparece no cartão - seja esse o nome de registro ou nome social. O impacto na identidade do cliente é grande, visto que dos aproximadamente 10% de brasileiros LGBTI+, 0,5% são pessoas transgênero.

Saindo da linha de crédito e indo para o tema de investimentos, a ElasBank veio para atuar com o gênero feminino no mundo dos investimentos. Com foco na educação financeira, o banco prevê a inclusão de gênero nesse meio, que ainda é muito desbalanceado - sem nem comentar a diferença salarial entre homens e mulheres, a simples desigualdade entre a proporção de investidores e investidoras na bolsa de valores já é um ótimo exemplo disso (menos de 30% dos investimentos na B3 vêm de mulheres).

O Open Banking e as segmentações

A chegada do Open Banking no Brasil fará com que todos esses empreendimentos financeiros digitais tenham a possibilidade de acessar, de forma muito mais ágil e fácil, seus potenciais clientes. Ao mesmo tempo, as pessoas também terão uma gama muito maior de opções para cada tipo de produto financeiro que elas queiram adquirir. E é aqui que a segmentação ganha uma nova importância.

Fizemos uma pesquisa com nossos painelistas do MeSeems para entender a relação deles com o mundo financeiro, impactos do Open Banking e visão de futuro da economia.

74% dos respondentes estariam dispostos a adquirir serviços e produtos financeiros de empresas que não são bancos.

Esse é um número alto. Significa que o país que tradicionalmente foi dominado por 5 grandes bancos, que, juntos, concentram mais de 80% dos empréstimos da população, vai mudar.

As pessoas estão, pouco a pouco, reconhecendo outras possibilidades e ferramentas que atendem suas necessidades de maneiras mais assertivas. Não só isso, como a possibilidade de optar por seguir com uma empresa que esteja alinhada ao seu propósito pessoal inverte profundamente a lógica na qual o mercado se estruturou.

Cartão Impact Bank
O Impact Bank é mais um exemplo de um banco com um objetivo muito claro. Doa parte das tarifas para projetos de impacto social. Além disso, a empresa não faz análise em órgãos de proteção de crédito para aceitar novos clientes. | Imagem: Reset

Em suma, os nichos existem e estão com suas demandas e necessidades constantemente expostas. Cabe ao mercado, nesse contexto, se prontificar a reconhecer essas demandas e devolver soluções que façam sentido não apenas financeiro, mas em todo o prisma no qual elas são moldadas. A concorrência, hoje, volita principalmente entre fintechs de nicho e produtos mais abrangentes. No entanto, isso não impede que, com o passar do tempo e amadurecimento da categoria, produtos aderentes a determinados perfis tenham uma variedade de concorrentes entre si.

Reconhecer que o ato de basear as ofertas simplesmente nos 4 Ps não é mais suficiente em um mundo de plena concorrência na esmagadora maioria dos setores, é admitir que a falta de um norte claro - para o mercado e para os clientes - transforma o produto em apenas mais uma commodity.

Novo mercado e futuro da economia

Todas essas mudanças de mindset apontam para um modelo diferente do que estávamos acostumados até agora. O acesso à informação transforma posicionamentos vazios em algo completamente obsoleto. A ascensão de empreendedores no Brasil têm colocado as dores pessoais desse perfil no centro de seus novos negócios, conversando com públicos que, até então, eram tratados como uma grande massa coletiva.

Acreditar que esse desequilíbrio na estrutura em que o mercado se baseou todos esses anos não é disruptiva, limita a capacidade de enxergar para além do que é conhecido - uma habilidade urgente nos dias de hoje.

Em nossa pesquisa, vimos que 49% dos respondentes acredita que o capitalismo não é o modelo econômico ideal. Da forma como ele se estabeleceu ao longo dos anos, realmente não cabe mais nas novas expectativas e preocupações das pessoas.

Esses novos caminhos pelos quais as empresas têm sido obrigadas a caminhar mostram que a realidade já não é mais a mesma. As formas de se posicionar ou comunicar-se com o consumidor que nos trouxeram até aqui não serão as mesmas que nos levarão adiante, o que faz com que a compreensão das motivações e jornadas dos consumidores precisem ser levadas não apenas em consideração, mas para o coração dos negócios, especialmente no setor financeiro.

Pensando nisso, elaboramos um estudo onde aprofundamos nessas questões de situação econômica ao longo da pandemia e os impactos que isso trouxe para a população. Entendemos as grandes preocupações com o planeta nas diferentes gerações e como todas essas mudanças geológicas e institucionais estão sendo vistas pelo mercado.

Clique no botão abaixo para entender melhor como essas questões podem ser trabalhadas pela sua marca e de que forma esses altos e baixos da indústria estão impactando as escolhas dos brasileiros conectados.

Acesse nosso estudo aqui!

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