Com o passar dos anos, o movimento LGBTQIA+ passou a ser mais representado na publicidade, mesmo que ainda se tenha um caminho longo para alcançar um resultado satisfatório. Segundo dados da ONU Mulheres e da agência Heads Propaganda, até o final de 2020, a representatividade de pessoas da comunidade LGBTQIA+ na publicidade era de apenas 1,3%.

Ainda, é importante destacar que boa parte dessas representações acontecem durante o mês do orgulho. Isso tudo leva ao questionamento: O que o público LGBTQIA+ pensa a respeito disso? Será que - considerando o ponto de vista e propriedade do assunto que eles possuem- pensam que essa representação é coerente?

Para entender melhor sobre a representatividade de pessoas e apoio ao movimento LGBTQIA+ nas campanhas publicitárias, a MindMiners em parceria com a Safespace, conversou com 220 pessoas de dentro do movimento através do nosso painel de respondentes exclusivo e rede social de opinião, o MeSeems.

A necessidade de evolução do discurso

A genuinidade das empresas que focam suas campanhas publicitárias no movimento é bastante questionada e discutida, principalmente no mês do orgulho. Além disso, é percebida a grande necessidade de evoluir a retratação de pessoas, tanto ao abordamos as demais letras da sigla LGBTQIA+ quanto a inclusão de pessoas não-brancas, cisgênero e PCD’s.
Questionados sobre o quanto se identificam com a forma que as empresas costumam retratar pessoas LGBTQIA+ em campanhas de marketing, apenas 11% disse que sempre se sente representado, enquanto 69% declara que só tem essa sensação às vezes. Os motivos citados são diversos, mas o principal foi sobre a necessidade de representar, promover e apoiar a causa em mais momentos do ano e com mais diversidade de corpos.

Photo by Shingi Rice / Unsplash

A atitude de representar a comunidade é bem vinda, mas ainda é vista como bastante introdutória no apoio à causa, e hoje, há a necessidade de empresas se aprofundarem mais nesse discurso. Consumidores que fazem parte do movimento LGBTQIA+ e também os aliados da causa, buscam mais a respeito de como as empresas e marcas de fato praticam o apoio a comunidade. Ter o alinhamento interno com a causa é essencial, e isso não é exclusividade do movimento LGBTQIA+, mas também diz respeito a todas as discussões que visam a diversidade.
Pensando nisso, algumas sugestões dos nossos respondentes para empresas que de fato desejam apoiar o movimento foram:

Fazer de forma natural, não somente no mês do orgulho LGBT”  -  21 anos, Sete Lagoas, MG
Chamar pessoas do meio LGBTQIA+, nem que seja influencers para fazer parte da campanha” - 24 anos, Rondonópolis, MT
O mais importante é não permitir a discriminação dentro do ambiente da empresa, garantindo a integridade física e mental dos trabalhadores lgbtqia+ e seu direito ao emprego.” - 24 anos, Cambira, PR
“Pesquisar bem, colocar mais pessoas não-cisgênero e não-brancas, mostrar mais diversidade. E parar de fazer campanha com frases vazias como: "love IS love" a comunidade é tão diversa, a gente não luta só pra poder amar, tem gente que nem tem atração romântica (arromânticos) sem contar que as travestis e pessoas trans lutam pelo direito À VIDA! ” - 20 anos, Mossoró, RN

Neste mês do Orgulho LGBTQIA+ muitas marcas demonstraram o amor sem preconceito, e de fato, representando mais diversidade de corpos, cores e formas, como as campanhas icônicas  do Mercado Livre e da Boticário. Ainda há a necessidade de evoluir essa narrativa, é preciso representar a comunidade  LGBTQIA+ com os seus diversos corpos e características, mas também, urge a necessidade de falar além do amor e abordar as questões de luta, sobrevivência, empregabilidade e direitos humanos e civis que a comunidade busca conquistar.

Como você pode ajudar a sua empresa a evoluir esse discurso?