Clubes buscam novas alternativas para a transmissão de jogos de futebol

Neste estudo compreendemos os hábitos dos torcedores de time de futebol.


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Clubes buscam novas alternativas para a transmissão de jogos de futebol

O clássico entre Atlético Paranaense X Coritiba, que aconteceu no dia 1 de março, entrou para a história como o primeiro jogo transmitido ao vivo de forma independente pelos clubes, por meio do YouTube e Facebook.

O jogo teve uma audiência de 3,2 milhões de pessoas, a maior do Altetiba nos últimos anos. A data coincide ainda com a pior audiência da Rede Globo para futebol no Rio de Janeiro e a segunda pior em São Paulo.

Para entender melhor o ocorrido, a MindMiners realizou uma pesquisa, coletada por meio do aplicativo MeSeems, entre os dias 17 e 20 de março, para ouvir torcedores de times de futebol que assistem jogos pela televisão com frequência. A amostra total reuniu 890 pessoas, sendo 57% homens e 43% mulheres, acima de 18 anos, de todas as regiões do pais.

De maneira geral, a decisão de transmitir um jogo online reforça a tendência de migração das pessoas do meio tradicional televisão para o streaming.

Em estudo realizado em abril de 2016 para a Exame, a MindMiners detectou que 24% dos entrevistados havia optado por cancelar o contrato junto a operadoras de televisão por assinatura recentemente, enquanto outros 26% pretendiam realizar o cancelamento ainda no ano de 2016.

À medida em que a televisão perde espaço na vida das pessoas quando comparada às redes sociais, principalmente entre as gerações mais jovens – como pode ser observado no gráfico abaixo -, a corrida por novas formas de transmissão de conteúdo ganha força e se torna mais ampla, chegando agora também ao universo dos esportes.

Pesquisa realizada pela MindMiners em novembro de 2016

Segundo a pesquisa, dentre os que assistiram ao jogo pelas redes sociais, 98% gostaram da transmissão de jogos online. Já entre os que gostaram da transmissão, um entrevistado de 34 anos afirmou que a novidade “acaba com a hegemonia das grandes emissoras, que forçam jogos nos horários que são bons para elas”. Uma das entrevistadas foi além e disse que o esforço  “democratizou as transmissões”. Por fim, e dentre aqueles que não ficaram sabendo dessa transmissão online, após serem atualizadas sobre como o jogo foi transmitido o jogo, 82% afirmam gostar da ideia da transmissão de jogos online, principalmente pelo Youtube (94%) e pelo Facebook (85%).

Além do Youtube e do Facebook, os entrevistados consideram interessante a ideia de assistir jogos online, principalmente nos sites do próprio time (75%) e em Serviço de transmissão online / Streaming (67%) (ext.: Netflix, Amazon Video, Looke, HBO Go, Globo Play, etc).

Quando indagadas sobre a preferência entre televisão, Youtube e Facebook para assistir jogos, os entrevistados ficaram divididos entre a televisão (42%) e o  Youtube (46%). Já entre aqueles que preferem o Youtube, os principais motivos são: a qualidade do streaming, a praticidade por poder assistir em notebook e smartphone, e a possibilidade de interação com outras pessoas por meio da plataforma. Já entre os que preferem assistir pela televisão, os principais motivos dessa preferência são a não dependência da internet e o conforto e praticidade da tela da televisão.

Quais seriam as possibilidades?

Hoje, a venda de direitos de transmissão de jogos para a televisão representa cerca de 33% do orçamentos dos principais clubes do país. O primeiro passo para a disrupção do modelo atual foi dado quando os times paranaenses recusaram a oferta da emissora e resolveram bancar a transmissão por conta própria, mas esse movimento ainda não se mostrou vantajoso para os clubes.

Uma das opções seria criar canais online do próprio time, que fossem exclusivos para assinantes e com isso beneficiar-se da audiência para lucrar com publicidade e patrocínio, como a NBA faz nos Estados Unidos. Outro caminho seria firmar contratos com as grandes redes sociais, o que  proporcionaria alcance global. Isso abriria novas oportunidades de patrocínio para os clubes, que estão com dificuldades de firmar acordos em tempos de crise econômica. Hoje, a grande maioria dos clubes é patrocinada por empresas brasileiras, principalmente bancos (públicos ou privados), com destaque da Caixa Econômica Federal que patrocina 15 dos 20 times da série A do campeonato brasileiro.

Ambas as maneiras permitiriam que os clubes se comunicassem de maneira direta com os torcedores, possibilitariam maior flexibilidade na produção de conteúdo e facilitariam a agenda do clubes, que não precisaria mais se adequar à grade de televisão. Além disso, se os clubes segregassem o direito de transmissão de jogos entre televisão aberta, fechada e a internet, isso diminuiria a desigualdade entre os clubes grandes e aqueles menores que recebem menos atenção e investimento das emissoras.

No exterior, já existe algum movimento de disrupção na transmissão de esportes ao vivo pela televisão. Uma empresa chamada DAZN, que por enquanto atua no Japão, Alemanha, Suíça e Áustria, permite que os assinantes assistam esporte ao vivo em quantidade ilimitada, além de conteúdo on demand, com modelo de negócio parecido com o da Netflix e do Spotify.


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