Vegetarianismo e veganismo: além de uma escolha alimentar

Muito mais do que uma escolha alimentar, o estilo de vida dos Vegetarianos e Veganos também é baseado em questões ambientais, no amor e no respeito aos animais. Entenda quais são as motivações para adoção do movimento e como esse público consome.


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Vegetarianismo e veganismo: além de uma escolha alimentar

Impulsionados principalmente pelos debates ambientais e de proteção dos animais, os movimentos vegetariano e vegano passaram a atrair cada vez mais brasileiros que estão dispostos a mudar seu estilo de alimentação, e também de vida, em prol dessas causas.

Para entender a fundo quais são as principais motivações e desafios para adoção do vegetarianismo e veganismo e quais são os hábitos de consumo desse público, conversamos com 280 respondentes da base MeSeems que se identificam como vegetarianos ou veganos.

Entre os respondentes, 89% se declararam vegetarianos (ovolactovegetariana, lactovegetariana, ovovegetariana, vegetarianos crudívoros, vegetariano frugívoros e vegetariano estritos) e 11% veganos.

De acordo com a definição da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), são denominados vegetarianos aqueles que não consomem nenhum tipo de carne animal. Dentro dessa classificação se encontram:

Ovolactovegetarianos: consomem ovos, leites e laticínios
Lactovegetarianos: consomem leites e laticínios
Ovovegetarianos: consomem ovos
Vegetarianos estritos: não consomem nenhum tipo de alimento de origem animal.
Vegetarianos crudívuros: consomem apenas alimentos crus ou preparados a uma temperatura de 42ºC
Vegetarianos frugívoros: consomem apenas frutos

Já os veganos são aqueles que optam por excluir todas as formas de exploração e crueldade animal, não só na alimentação, mas também em todas as outras áreas de consumo como vestuário e cuidados pessoais.

Como vivem e se alimentam

Atualmente no Brasil, a maior parte da população não é vegetariana, e em muitos contextos sociais e regionais do país, a carne e os alimentos de origem animal são considerados como centrais nas refeições. O que gerou uma ideia de que os vegetarianos/veganos possuem uma dieta muito restritiva e consomem apenas alimentos como verduras e legumes.

Contudo, esse público consome uma variedade importante de alimentos, que quando consumidos de maneira balanceada, fornecem as quantidades necessárias de vitaminas e nutrientes.

Entre os tipos de alimentos consumidos por esse público 3 vezes ou mais por semana estão:

67% cereais;
65% verduras;
65% leguminosas;
60% frutas;
59% legumes;
45% açúcares e doces.

Quando o assunto é o preparo dos alimentos, apesar de uma das dificuldades desse público ser o preparo das refeições, a maior parte (57%) cozinha em casa 3 ou mais vezes por semana. Dentre eles, 28% cozinham todos os dias.

20% declararam não cozinhar em casa.

A transição alimentar

Uma vez que culturalmente no Brasil os alimentos de origem animal fazem parte dos hábitos culinários, a transição alimentar é um momento importante para aqueles que decidem adotar uma alimentação vegetariana/vegana. Uma vez que a carne e os derivados animais estão presentes no cardápio da maior parte dos brasileiros.

De acordo com o relato dos respondentes da pesquisa, esse é um processo muito individual e que cada um realiza no seu tempo e a sua maneira. O tempo e a forma como ocorrerá a transição é o que mais difere entre os veganos e vegetarianos. Cada um decide como eliminar o consumo e/ou diminuir o consumo dos alimentos de origem animal.

Cada um no seu tempo. Quantos meses durou a transição:

49% menos de 2 meses;
30% entre 3 e 4 meses;
21% levaram 6 meses ou mais.

56% dos respondentes concordaram que reduziram gradualmente o consumo de alimentos de origem animal.

Já os motivos estão mais associados a transição são a preocupação com o bem-estar dos animais (47%), saúde (44%) e sustentabilidade/diminuição nos impactos ambientais da alimentação (42%).

As barreiras para concluir a transição

Se culturalmente os alimentos de origem animal estão presentes em nossas vidas, é de se esperar que veganos e vegetarianos encontre barreiras durante a transição e manutenção dessa alimentação.

Dentro de suas casas, 49% dos respondentes são as únicas pessoas que seguem esse estilo alimentar e 35% concordaram que o convívio com pessoas que consomem alimentos não vegetarianos/veganos dificultou a transição. Por outro lado, como esse é um processo muito individual, 41% discordaram que o convívio com pessoas que consomem alimentos de origem animal dificultou a transição.

Outras barreiras citadas pelos respondentes para adotar essa alimentação foram:

32% dificuldade de encontrar alimentos vegetarianos/veganos;
30% dificuldade de preparar refeições.

Plant-Based, veganos e cruelty free

Esses são alguns termos para determinar produtos que atendem a demanda dos consumidores vegetarianos e veganos. No caso de produtos plant-based e veganos, são aqueles que não levam em sua composição qualquer tipo de ingrediente de origem animal. Já os cruelty free são aqueles que não são testados em animais.

Na alimentação, os produtos industrializados a base de planta mais consumidos são:

32% hambúrgueres/carnes plant-based;
30% leites vegetais;
25% biscoitos e bolachas;
25% massas.
Tuna burgers
Photo by Thanos Pal / Unsplash

No segmento dos hambúrgueres/carnes as marcas mais conhecidas são:

34% Futuro Burger;
31% Sadia Ve&Tal;
30% Mr. Veggy;
27% Seara Incrível Burguer.

Outras categorias importantes

Alguns segmentos, como de cuidados pessoais e higiene/limpeza, tradicionalmente utilizam ingredientes de origem animal e realizam testes em animais. Por isso, o público vegetariano/vegano também está atento às marcas que se encaixam nesses segmentos e fazem uso dessas práticas e compostos.

Antes de comprar produtos das categorias de higiene pessoal e beleza, 45% dos respondentes pesquisam se os produtos são testados em animais e 41% se os ingredientes possuem essa origem. E esse mesmo comportamento se mantem entre os produtos de limpeza, 43% consideram se o produto é testado em animais e 35% se possuem algum ingrediente de origem animal na composição.

Entre as marcas de produtos de limpeza veganas/cruelty free as mais conhecidas são:

55% Ypê;
29% Búfalo;
17% Milão;
15% Positiv.A.

A visão de quem consome carne

Realizamos também um estudo com 500 pessoas de todas as faixas etárias, classes sociais e região do país, que consomem carnes e peixes para entender qual era a percepção desse público a respeito do vegetarianismo e veganismo.

Apenas de apenas 15% desejar adotar uma dieta vegetariana e 3% uma dieta vegana, a relação desse público com os alimentos também está sofrendo mudanças, uma vez que 57% afirmaram que gostaria de mudar seu estilo alimentação. Isso não quer dizer que essas pessoas necessariamente um dia se tornarão vegetarianas e veganas, mas que de alguma forma estão repensando sua forma de consumir.

56% das pessoas não vegetarianas/veganas já experimentaram produtos processados à base de plantas.

Por outro lado, ainda existem muitos mitos em torno da alimentação vegetariana/vegana. Um dos principais é que a quantidade de nutrientes, principalmente da proteína, presente nos alimentos de origem vegetal não é capaz de substituir por completo as de origem animal. E esses mitos acabam proporcionando uma série de comentários por parte dos não vegetarianos e veganos, direcionados a todos que seguem esses estilos alimentares.

69% dos vegetarianos e veganos já escutaram comentários negativos sobre sua alimentação.

Segundo o relato dos respondentes, os comentários recebidos estão muito atrelados a esses mitos da falta de nutrientes. Veja alguns exemplos de comentários ouvidos por pessoas vegetarianas e veganas:

“Comentários de pessoas sem conhecimento técnico nutricional e sem embasamento. Falando que eu teria deficiência em algum nutriente. ou que não seria saudável.” - Homem, 57 anos, classe A de São Paulo - SP
“Que ficaria desnutrida, que ficaria doente, que minha escolha era idiotice” – Mulher, 21 anos, classe C, de Feira de Santana- BA
“Que faltariam proteínas na minha dieta, que minhas vitaminas teriam níveis baixos, que eu desenvolveria anemia em breve (mas já sou vegetariana há quase 20 anos e minha saúde é de ferro)” – Mulher, 27 anos, classe C, de Sorocaba - SP

Contudo, nutrientes como a proteína por exemplo, podem ser encontradas em diversos alimentos de origem vegetal como as leguminosas (feijões, grão-de-bico, ervilha entre outros), cogumelos e na soja e seus derivados.

Pesto Pasta
Photo by Eaters Collective / Unsplash

Os cuidados com a saúde devem existir

Por outro lado, para garantir uma alimentação adequada, o acompanhamento de profissionais especializados, como nutricionistas e endocrinologistas, é essencial para todos que desejam consumir todos os nutrientes e vitaminas na medida certa para sua saúde. E isso independe do consumo ou não de alimentos de origem animal.

Entre os veganos e vegetarianos que responderam à pesquisa, 66% concordaram que procura manter uma alimentação saudável e 50% que faz exames/checkups com frequência para acompanhar sua saúde. Ainda assim, 50% nunca buscou a orientação de um nutricionista e 58% de um endocrinologista.

As oportunidades no segmento

Como descobrimos ao longo do estudo, os vegetarianos e veganos são uma segmentação de público com diferentes hábitos de consumo e comportamento. Sendo assim, existem inúmeras possibilidades e oportunidades para lançamento e desenvolvimento de produtos e serviços que atendam especificamente a suas demandas, que vão além da alimentação.

A sua marca precisa alcançar esses públicos? Entenda também como os influenciadores digitais desse segmento podem auxiliar no relacionamento com os vegetarianos e veganos.


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